MONTEIRO LOBATO
Um homem movido a paixões: Paixão pelas crianças, paixão pelo Brasil, paixão pela comunicação.
"A Lobato deve muito o Brasil. Em primeiro lugar o exemplo magnífico e raro do intelectual que não se vende e não se aluga, não se coloca a serviço dos poderosos ou dos sabidos. Depois, foi ele um homem de ação e um descobridor. Devem-se a ele a campanha do livro e a campanha do petróleo. Foi ele o criador da nossa literatura infantil"
(Oswald de Andrade)
(Oswald de Andrade)
"Monteiro Lobato pertencia a essa rara família de profetas e poetas, que condensam, de súbito, para um momento e um povo, a sua própria essência espiritual."
(Anísio Teixeira)
Fonte do texto:
Se Lobato estivesse vivo seria um grande interneteiro. Estaria aproveitando ao máximo a interatividade, a possibilidade de diálogo, a capacidade de reunir gente oferecida pela rede mundial. Monteiro Lobato não podia viver sem estar se comunicando com as pessoas, principalmente com as crianças. Sua obras incitam ao diálogo e à busca de parceiros para as brincadeiras. Quando escrevia em jornais, fazia questionários e pedia a opinião de seus leitores. Mais da metade de seus livros Monteiro Lobato escreveu para o público infanto juvenil, com a intenção de ajudar na formação intelectual e moral da nossa juventude. Há pelo menos três gerações de brasileiros que se desenvolveram sob a influência de suas obras e de seu pensamento.
A outra parte de sua obra é basicamente política, como política era também sua militância intensa como jornalista e editor. Era política porque mostrava sua grande preocupação com a situação de nosso povo e seu engajamento nas lutas por mudanças na sociedade brasileira. Consequência dessa luta sofreu as agruras das prisões e da perseguição.
Toda sua vida e seu trabalho estiveram dedicados à luta pela preservação dos valores culturais e das riquezas naturais da Nação. Foi pioneiro na luta pela preservação de nossas florestas, de nossos índios e de nossos bichos.
AUTOBIOGRAFIA:
Nasceu em Taubaté, aos 18 de abril de ... 1884 (na verdade 1882). Mamou até 87. Falou tarde, e ouviu pela primeira vez, aos 5 anos, um célebre ditado: "Cavalo pangaré/Mulher que ... em pé/Gente de Taubaté/ Dominus libera mé".Concordou.
Depois, teve caxumba aos 9 anos. Sarampo aos 10. Tosse comprida aos 11. Primeiras espinhas aos 15.
Gostava de livros. Leu o Carlos Magno e os doze pares de França, o Robinson Crusoé, e todo o Júlio Verne.
Metido em colégio, foi um aluno nem bom nem mau - apagado. Tomou bomba em exame de português, dada pelo Freire. Insistiu. Formou-se em Direito, com um simplesmente no 4º ano - merecidíssimo. Foi promotor em Areias, mas não promover coisa nenhuma. Não tinha jeito para a chicana e abandonou o anel de rubi (que nunca usou no dedo, aliás).
Fez-se fazendeiro. Gramou café a 4,200 a arroba e feijão a 4.000 o alqueire.
Convenceu-se a tempo que isso de ser produtor é sinônimo de ser imbecil e mudou de classe. Passou ao paraíso dos intermediários. Fez-se negociante, matriculadíssimo. Começou editando a si próprio e acabou editando aos outros.
Escreveu umas tantas lorotas que se vendem - Urupês, gênero de grande saída, Cidades mortas, Idéias de Jeca Tatu, subprodutos, Problema vital, Negrinha, Narizinho. Pretente publicar ainda um romance sensacional que começa por um tiro:
- Pum! E o infame cai redondamente morto...
Nesse romance introduzirá uma novidade de grande alcance, qual seja, a de suprimir todos os pedaços que o leitor pula.
Particularidades: não faz nem entende de versos, nem tentou o raid a Buenos Aires.
Físico: lindo!
Monteiro Lobato
A Novela Semanal, São Paulo, nº 1, 2 de maio 1921
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Monteiro Lobato foi uma criança diferente dos outros garotos de sua geração. A cara enfiada nos livros e os olhos brilhantes a enxergar para muito além da janela do quarto denunciava uma mente irriquieta e fértil imaginação. Seu espaço preferido era a biblioteca do Visconde, na casa da Rua XV de Novembro em Taubaté, onde passava horas folhando revistas ilustradas e aventurando-se nos clássicos da literatura. Mas nem por isso deixou de participar da vida da fazenda, nem de conviver com a população interiorana, seus costumes e suas crenças.
"A criança é um ser onde a imaginação predomina em absoluto", defendia. "O meio de interessá-la é falar-lhe à imaginação". "Escrever para crianças! - exclamou em resposta a um repórter – é admirável... Elas não têm malícia, aceitam tudo, tudo compreendem ".
Captando a lógica e a estrutura do pensamento infantil, Lobato falava não para elas, mas como e no lugar delas. Por isso, pelas suas mãos o aprendizado virava brincadeira séria e as lições escolares mais difíceis – em geral ministradas através de métodos e mestres antiquados – ficavam claras e acessíveis.
Misturando sonho e realidade, Lobato conquistava os pequenos fãs, que logo passavam a dividir com ele o universo em que tudo era possível – bastava usar um pouco de imaginação. Ingrediente que não faltava nas centenas de cartas remetidas por crianças de todas as idades e de todos os cantos do País. | |
Recebia montanhas de cartas e respondia a todas, tratando as crianças como interlocutores competentes. Não se esquivava de discutir temas como saúde, religião ou política. Além disso estimulava a atividade literária dos seus leitores, encorajando-os a desenvolver enredos e histórias, ou analisando criticamente sua produção. |
De 1920 a 1947 lançou 22 títulos que até hoje continuam a ser editados:
Ficção
| Paradidáticos
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